A rotina...

...Lenta de um sonho sempre igual

Tolhe-me os movimentos

Suavemente, afasto-me dele...

Apago o cansaço...

Dos sonhos...

Mas, volta-me a incapacidade

De te apagar em mim!

Esta é a hora...

...Em que as gaivotas poisam no tempo!

A hora em que a transparência me ilude...

E eu fico-me por dentro do teu abraço

Ali mesmo na hora das flores...

...Salgadas de mar!

A pele...

...Chorava tristezas...

Os olhos transpiravam saudades

As mãos?! Essas sonhavam palavras

Saídas da boca que empunhava

Uma espada de metáforas...

...Feitas poema?!

Quando o tempo...

...É o perfume de tudo e tanto...

É imenso em ti

Teu é o tempo que dança vagaroso

E se espalha em mim

Até que adormeço...Algures.

Tu chegaste...

...Devagar e passo a passo
Foste ficando...
Até que um dia...
Os teus olhos eram os meus
Os meus braços o teu abraço...
Agora não sei onde acabo e tu começas!

Quando...

...O sonho pára aquém da pele

E se prende ao cheiro de partir...

Quebra-se em mil pedacinhos

Lentamente, perde as cores que o faziam brilhar

E fica quieto a olhar o tempo!

Às vezes na noite...

...O teu olhar toca-me...

E a tristeza foge

Mas a escuridão da saudade

Deixa-me de corpo rasgado

De pensamentos perdidos e pele magoada...

Às vezes tropeço em mim!

A ilusão...

...De uma estrela (de)cadente...

Embriagou-me os sonhos!

Agora caminho em zigue-zagues

De pensamentos ébrios

...E envolta em palavras magras

De silêncios imensos...

Metade de mim...

...É este rio feito mar...

Que te sente aqui tão perto

E se comove...

...A outra metade, é a sede

De navegar, de beber cada minuto

Do teu olhar na minha pele...

O meu beijo...

...Junta-se à tua boca, devagar...

Aprisionado numa bola de sabão...

No caminho a errância do destino

(A tua boca?!?)...Ou simplesmente

O meu tempo preenchido sem ti

Medindo os dias que cabem na espera...

Se cada palavra...

...Fosse simples e certa...

Aberta em mar calmo ...

Ou ventre de mãe terra

O dia teria sempre o amanhecer...

Entre o ontem e o amanhã...No agora!

Rasgo-te...

...Em pedacinhos de tempo...

Aprendo-te um a um, na ponta dos dedos

Depois...

Largo-te ao vento e guardo um somente...

Para que me caminhes a pele a Alma...

...O todo de nós!

(Vem!)

A saudade...

...Deixa-se adormecer por momentos...

Voa comigo...Leva-me

Para lá da sétima onda de prazer...

E o sétimo céu de azuis...

Alimenta-me na música que geme...

Canta o pássaro...

...Ao alvorecer e o dia nasce manso...

O pomar maduro do teu corpo

Alimenta a minha pele de sabores exóticos...

...Reconheci-os na memória do tempo...

Quando? Não sei!

Sei simplesmente que já foste a estrela...

Da minha pele...

Despe...

...Esse horizonte de cansaço

Dos meus lábios colhe...

O beijo repousado

Saboreia a compota de amoras

Que acabei de fazer...

E deixa que o Verão nasça

No teu olhar...

Ai! Apetecia-me...

...Roubar a Primavera da tua pele...
Despir-te completamente!
E em troca...
Oferecer-te cerejas por colher
No pomar da minha boca!

Hoje mergulhei...

...Nas águas de nós...

Ali ao lado, caminham gaivotas...

A maresia cheira-me a saudades tuas...

Que se desfazem na areia em

Espuma de intenso branco

Vejo os nossos desejos colados

Na transparência das águas...

Ai! Como eu quero ser gota do teu orvalho!

A noite passada..

...Quase morri de tristeza...
Confusa...
Perdida...
Esperando que uma estrela desça até mim
E me lamba este sabor a veneno de saudade
Que a manhã acorda na minha boca!

Procuro-te...

...Minha estrela! A tua saudade...

Acompanha-me nos caminhos do luar

Nos trilhos da Lua...

Na rosa dos ventos do Oceano...

Na gaivota que sobrevoa as mãos

Ausentes de ti...

(You are my star!)

Sinto...

...A tua noite inteira...

Vejo-me deitada nela, junto a ti

No silêncio do teu corpo

Oiço o vento arranhando palavras

Nas vidraças da saudade...

Contigo...

...Eu danço pelas nuvens da eternidade

Até que os teus braços me amem...

Danço-te no corpo do tango...

Na pele sedosa de uma valsa...

Danço o mel da tua boca até que Ravel

Desce sobre nós o véu do bolero!

Os meus...

...(Teus) dedos falam-me de segredos por desvendar...
Tocam-me em abraços de namoro
Como se fosses a beira-mar do meu destino
Leva-me nos teus olhos a navegar sem rumo
Deixa-me aprender a tua estrela...
E ensina-me o teu porto de abrigo.

O meu sonho...

...Sabe o teu nome, desenha-te...
Traço a traço, até que cai de cansaço
E se aquieta, quase dormente
Reinventa-se no sono
No tecto da noite...
O meu sonho, conhece-te!

Tu és...

...A minha estrela, o meu Sol...
O mar da minha maré de desejo
Que me provoca quereres...
Dia após dia, noite após noite
Não importa como...Ou quando
Desde que o sejas sempre!

Aquela...

...Estrela que nós tocámos

Quando a noite abraçou os dois

E a lua e o luar dançaram...

(Lembras?)

Continua sem nome, lá longe

Naquela constelação de marés...

Deixo-te um mar de Tudo ou Nada...

(Escolhe!)

Provocas-me...

...Com essa tempestade-mar...
Ao fazeres-me sentir a fúria selvagem
Da tua lenta ondulação...
...Que se deixa ir areal dentro
Enrolado em espasmos de amor.
(Desafia-me ainda mais!)

Existe...

...Algures uma ilha...

Em que a terra se perde entre o silêncio

E as palavras que vêm do mar...

Devorando o sal das tempestades

E descobrindo a terra prometida...

(Que é o chão do teu corpo)

Os meus sonhos...

...Procuram-te! Sem ti ficam vazios...

Perdidos entre o dia e a noite.

Tu és o ponto de partida...O seu porto de abrigo

Precisam das tuas asas...

Ou que me lambas a ferida da asa partida...

A noite...

...Desce no seu manto de luto
E chora-te baixinho...
Ela conhece de olhos fechados
As sombras do teu luar
...Recordo as palavras...Os parágrafos
Que os teus dedos murmuram em mim...
(Só a noite te conhece!)

As certezas...

...Causam-me vertigens
Deixam-me de joelhos fechados
(impedida de voar)
As dúvidas vestem-me a língua
De uma calma (quase segura)
E trazem-me a garganta molhada
De saberes...

Hoje...

...Não me procures os silêncios
Nem a cor transparente da poesia...
Hoje...Fico por aqui ou por ali
Tranquilamente...
A olhar as gotas de céu que bailam
Uma melodia azul com o vento e caem
Exaustas pelo chão da tarde...

Tu...

...Escreves-me palavras de água...
Quase tas oiço na voz do silêncio...
Fui até ao mar (procurá-las)
Na esperança que as escondesses
Entre as dunas e a "terra nova"...
...(Mas, estavam no infinito de ti!)

Solta-se...

...Um sonho ao compasso do coração...
Mágica fantasia da noite...
Voando até ao fascínio de ser dia
(guardei o sonho no olhar...e em troca)
Solto um beijo que te procura
Pelas estradas da vida...

Esqueço-me...

...Dançando entre espumas de mar
Ao som escaldante do Sol...
...Lambendo a areia
Sigo pegadas (as tuas?!)
É para o aconchego da tua maré
Que caminho...

Toco...

...A tangente da tua insónia
E procuro o cateto da hipotenusa
...Dos teus abraços...
Deito-me na área do teu círculo...
Apetece-me simplesmente...

Agrada-me...

...Aprender a ler sorrisos...
Solitários, acompanhados, partilhados...
Aprender a escrita dos lábios...
E mais ainda, quando o sorriso inunda
A alma do olhar...

Eu sei...

...Que poderia inventar cores...
E até ousar traçar linhas fora do conhecimento...
A verdade é que a fogueira do gostar-te
Arde mais nos teus braços...
Na mansidão de te querer luz do meu coração!

Tenho...

...Este sonho nu...
De velas transparentes a arder
Pele gemendo...
Misturada com o perfume de pétalas
De transpiração urgente...
(Ao som de "Bolero"?)

É o Ano...

...Da nossa concha...

De a olhar...Aprender-lhe os gestos

O sabor a mar e o tempo de areia...

É o Ano de a abraçarmos...Juntos!