No linho do teu colo...

Aninhei a minha seda menina...

Este querer urgente

De me querer perder no tempo

De matar a sede na tua boca

(Gulosa!).

Sonhei que...

Habitava a tua pele

Numa viagem em que o tempo descia

Jardim sem flores...

Num Inverno mordente...

Neste constante desacordo...

...Subscrevo o acordo

Da ortografia ...

Do teu corpo

Professo a poesia

Como religião do teu verso...

O teu caminho...

...chega-me assim quando levanto tarde

Quando me sinto nesta leveza de

 Preparar para começar 

a existir

Ali mesmo...

...No joelho do tempo

Desce o beijo feito rio

E deixa-se desauguar no estuário

Junto à boca adormecida

Pela pele da madrugada...

(Era noite de Lua cheia)

Se a noite...

...Fosse um mar calmo...
A lua seria uma bela rosa (desfolhada)
E na minha pele adormecida
Ela iria deixar os espinhos.
Porque as pétalas murcharam na espera...

Eu olhava...

...O mar fazer-se estrada
Inquietação da noite, véu de lua...
Ondas suspensas num corpo de mulher
Que ao luar rouba fios prateados
Lá longe, tão longe
À beira-mar do teu quarto...

Lá fora a noite...

...Olho-a, neste silêncio sem cor

A esconder-me o luar

Porque me trazes o frio que teima

Em não me esquecer?!

Deixa ao menos que te aqueça!

Hoje apetece-me...

...Fazer-me à lua...

Navegar por marés e estrelas

Até chegar à pátria do teu

Porto de abrigo...

E aí desenhar-te...

...Um arco-íris no olhar!

A rotina...

...Lenta de um sonho sempre igual

Tolhe-me os movimentos

Suavemente, afasto-me dele...

Apago o cansaço...

Dos sonhos...

Mas, volta-me a incapacidade

De te apagar em mim!

Esta é a hora...

...Em que as gaivotas poisam no tempo!

A hora em que a transparência me ilude...

E eu fico-me por dentro do teu abraço

Ali mesmo na hora das flores...

...Salgadas de mar!

A pele...

...Chorava tristezas...

Os olhos transpiravam saudades

As mãos?! Essas sonhavam palavras

Saídas da boca que empunhava

Uma espada de metáforas...

...Feitas poema?!

Quando o tempo...

...É o perfume de tudo e tanto...

É imenso em ti

Teu é o tempo que dança vagaroso

E se espalha em mim

Até que adormeço...Algures.

Tu chegaste...

...Devagar e passo a passo
Foste ficando...
Até que um dia...
Os teus olhos eram os meus
Os meus braços o teu abraço...
Agora não sei onde acabo e tu começas!

Quando...

...O sonho pára aquém da pele

E se prende ao cheiro de partir...

Quebra-se em mil pedacinhos

Lentamente, perde as cores que o faziam brilhar

E fica quieto a olhar o tempo!

Às vezes na noite...

...O teu olhar toca-me...

E a tristeza foge

Mas a escuridão da saudade

Deixa-me de corpo rasgado

De pensamentos perdidos e pele magoada...

Às vezes tropeço em mim!

A ilusão...

...De uma estrela (de)cadente...

Embriagou-me os sonhos!

Agora caminho em zigue-zagues

De pensamentos ébrios

...E envolta em palavras magras

De silêncios imensos...

Metade de mim...

...É este rio feito mar...

Que te sente aqui tão perto

E se comove...

...A outra metade, é a sede

De navegar, de beber cada minuto

Do teu olhar na minha pele...

O meu beijo...

...Junta-se à tua boca, devagar...

Aprisionado numa bola de sabão...

No caminho a errância do destino

(A tua boca?!?)...Ou simplesmente

O meu tempo preenchido sem ti

Medindo os dias que cabem na espera...

Se cada palavra...

...Fosse simples e certa...

Aberta em mar calmo ...

Ou ventre de mãe terra

O dia teria sempre o amanhecer...

Entre o ontem e o amanhã...No agora!